Total de visualizações de página

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Acupuntura serve para o meu caso?





Quando estamos sofrendo de algum mal e não temos boas experiências ou perspectivas de tratamento com a medicina oficial, que vamos chamar aqui de “medicina ocidental”, é natural buscar uma alternativa. Homeopatia, acupuntura, técnicas “energéticas” como o reiki, florais de Bach e fitoterapia são apenas algumas das opções que, ultimamente, vêm se projetando bastante na sociedade brasileira. Mas fica a pergunta: será que nessa medicina “alternativa” tem algum tratamento que sirva para o meu caso? Neste artigo vamos explicar por que a acupuntura, especificamente, serve para o seu caso.

Você deve estar se dizendo: “Mas se ele não sabe o que eu tenho, como pode afirmar isso?” Pois essa é justamente a questão central. Eu não sei o que você tem, e nem você. Aí você diz: “Claro que eu sei! Eu sofro do problema X” que pode ser… digamos: dor neuropática, asma, dermatite atópica, lombalgia, enxaquecas, lúpus eritematoso, gripe comum, ciatalgia, degeneração macular, alergia, sinusite, gastrite, úlcera, câncer, fibromialgia, ombro congelado, depressão, insônia, pressão alta, síndrome do túnel do carpo, colite, doença de Hashimoto, TPM, infecção urinária, constipação, miastenia… ou qualquer outra dentre centenas de doenças que constam do CID (catálogo internacional de doenças).

Agora me diga, o que todas essas doenças e síndromes tem em comum?

Elas têm em comum o fato de serem descrições de doenças e síndromes feitas pela medicina ocidental. Mas a medicina chinesa e, portanto, a acupuntura, tem o seu próprio catálogo de enfermidades, que é diferente.

Então se o sujeito tem “gripe”, no catálogo ocidental, e se a gente olhar o mesmo sujeito, com os mesmos sintomas, usando o catálogo da medicina chinesa para diagnosticá-lo, vai dar lá que ele tem “invasão do vento quente” ou “invasão do vento frio” causadas por uma “deficiência do qi do pulmão” ou “deficiência do qi defensivo”, e não que ele tem “gripe” – gripe não consta do catálogo chinês.

Cada catálogo tem sua maneira de ver a enfermidade e sua maneira de tratá-la. São como cardápios de restaurantes especializados: quem mistura o diagnóstico de um (ocidental) com o tratamento de outro (acupuntura) acaba se arriscando a botar peixe cru na feijoada.

Por conta disso, quando você recebe um diagnóstico de medicina ocidental e pergunta para um acupunturista se ele pode tratar daquele problema… bom, na realidade a pergunta fica difícil de responder. Difícil porque o acupunturista não trata de problemas do catálogo ocidental. O trabalho dele é olhar para você, fazer o exame tradicional da acupuntura, perguntar o que você sente e então chegar a uma conclusão. A partir disso, e somente então, é que ele vai poder lhe dizer se ele se sente apto a lhe tratar ou se você deve procurar algum outro tipo de profissional. Em resumo, não adianta chegar com um diagnóstico que não pertence à acupuntura e perguntar se acupuntura trata “a doença X”. Ela talvez possa, sim, tratar o seu problema se ele for visto pelo ângulo típico da medicina chinesa.

Vamos dar um exemplo. Um familiar meu estava com uma séria dor no joelho. Não conseguia subir escadas nem sentar-se de pernas cruzadas; se ficava sentado muito tempo, depois era uma dificuldade para andar. Fizera exames e o médico havia dito que a “única solução” seria a cirurgia. Eu sugeri que ele tentasse acupuntura. Ele retrucou, sem fazer fé (coisa de parente): “Mas vai adiantar isso de acupuntura? Eu estou com uma fissura no menisco medial, não tem jeito. Só operando. O médico me mostrou, eu vi a rachadura na radiografia!”. Ele já estava indo fazer o risco cirúrgico no dia seguinte. Eu insisti e, como as pessoas têm medo de cirurgia (ainda bem!), eu acabei conseguindo atendê-lo. Em dois meses estava curado. Isso foi há mais de dez anos e nunca mais se falou nesse assunto de “menisco medial fissurado que tem que operar”.

Agora, se você perguntar se eu tratei a fissura do menisco medial dele, eu vou lhe responder que não. Tratei a vitalidade dos rins, que rege as articulações e os ossos, e tratei da circulação da vitalidade na perna esquerda, que estava bloqueada. Pronto.

Portanto, entenda: se a acupuntura não é uma técnica de cura da medicina ocidental, ela não pode nem deve usar as maneiras de classificar e pensar o adoecimento que são próprias à medicina ocidental. Se você não tem um diagnóstico de medicina chinesa, de nada adianta perguntar “Eu tenho o problema x (ocidental), a acupuntura pode me ajudar?”, porque para nós, acupunturistas, a pergunta não faz sentido. Se você quer tentar a cura pela acupuntura, vá ao acupunturista e diga o que sente. Ele vai ouvi-lo, vai examiná-lo e dar o diagnóstico chinês e o tratamento chinês integrados, funcionando em harmonia… aí sim, a coisa tem chance, e boa chance, de dar certo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário